sábado, 16 de maio de 2009

Enfim, livre


Ah, liberdade! Se for você mesmo quem bate palmas aí fora, pode entrar. Entra que a casa te espera há tanto tempo que quase esqueceu que era possível que você viesse.

No começo os daqui tinham se acostumado com a idéia de viverem presos ao desejo de sua chegada. Sim, isso é possível. Desejar você prende a gente. Com medo que você quisesse entrar e ninguém estivesse aqui para te abrir a porta ou que você ligasse e não houvesse um par de ouvidos para te atender, a gente foi se escravizando por vontade. E foi achando isso normal e foi acreditando que isso era ser feliz.

Mas se não é você aí fora, liberdade, eu já acho que não faz diferença. No fim, esperar por você fez também esta gente daqui sonhar, tomada pelo cansaço da expectativa. E de tanto sonhar o mesmo sonho fez-se dele algo para os olhos abertos, algo colorido e até com três dimensões. Criamos a nossa própria liberdade, acredita?

A gente acreditou e conheceu, sem precisar marcar encontro, preparar a mesa ou convidar a entrar, algo que pediu para ser chamado de felicidade.

Rafaela Fernandes