domingo, 16 de agosto de 2009

Flores para Dr. Francisco

Primeira dia de aula incomum:

As características físicas e psicológicas variam de indivíduo para indivíduo e, dentre elas, a inteligência humana pode ser inclusa como uma propriedade que também não é constante na população. Tal atributo é mensurado através de testes que indicam o quociente de inteligência (Q.I.), termo criado pelo psicólogo francês Alfred Binet. Assim, é possível encontrar diferentes valores para o Q.I., assim como é natural o desejo de se trabalhar com as pessoas consideradas portadoras de inteligência acima do normal (Q.I. superior a 115).

Entretanto, diversos cientistas e estudiosos do assunto concordam que o Q.I. é apenas uma parte de um conjunto de habilidades que podem ser encontradas em um indivíduo, como linguagem e memória. Tais habilidades são susceptíveis a mudanças e, portanto, não se pode concluir que o Q.I. é uma característica imutável, idéia essa transmitida pelo artigo.

Além disso, o Q.I. não abrange outras características de inteligência, como a criatividade e as habilidades artísticas. Muitas pessoas pertencentes aos 95% (aqueles que possuem um Q.I. inferior a 115) têm outros dons, como pintar, cantar, ou tocar um instrumento, e podem com certeza ter grande sucesso, apesar de seu quociente de inteligência não ser superior a 115. Possivelmente, o Q.I. esteja relacionado ao sucesso em muitas atividades acadêmicas, mas ter um Q.I. elevado não é necessariamente a única esperança de se ter sucesso na vida.

Pode-se exemplificar tal argumento com a história do livro “Flores para Algernon”, de Daniel Keyes, que conta a história do personagem Charlie Gordon (Q.I. de 68), o qual passou por uma cirurgia (antes testada em um rato de laboratório chamado Algernon) para atingir um estado de superinteligência. Porém, seu aperfeiçoamento mental era apenas provisório e sua inteligência foi se desvanecendo ao longo do tempo. Mas essa experiência também ajudou o personagem a aprimorar suas habilidades emocionais e sociais e, assim, no final do livro, ele volta a ser um homem de Q.I. baixo, só que com grande conhecimento no campo psicológico, na administração de sentimentos e emoções. Ele deixa de ser solitário e infeliz e passa a ser uma pessoa feliz.

Com certeza, Charlie Gordon é um exemplo para comprovar que ninguém pode ser taxado de medíocre por possuir um Q.I. inferior a 115. Muita gente pode ter um brilhantismo excepcional, mas ser incapaz de controlar sensações como raiva e impaciência, assim como de respeitar os sentimentos e pensamentos do outro, e até mesmo não ser capaz de admitir um único erro cometido por si próprio. Além disso, é estudada a correlação de que pessoas com um Q.I. mais alto têm, em média, indicadores socioeconômicos maiores, possibilitando um acesso melhor à saúde e informação. Desta forma, indivíduos que chegam ao ensino superior não tiveram igual qualidade de ensino nos níveis médio e fundamental, mas com esforço e força de vontade, eles podem atingir sucesso acadêmico assim como aqueles contidos nos 5%.

No meu ponto de vista, ninguém é medíocre ou passa pela vida sem deixar nada de útil. Estudar é um dom, assim como pintar, escrever e ensinar. Ser inteligente é uma qualidade que abrange muitas subdivisões e que não pode ser medida apenas considerando o número do Q.I. Tendo ou não Q.I. maior que 115, fomos capazes de chegar até aqui, de estudar na melhor universidade do Nordeste e de participar de um curso muito renomado e difícil como Medicina. Com certeza, deixaremos nossa marca nesse curso, deixaremos lembranças e feitis úteis para os que já estão dentro desse mundo e para aqueles que lutam para entrar nele. O importante é querer, esforçar-se e, acima de tudo, ser feliz.

Beatriz Noele

Um comentário:

Pedro Victor disse...

Você disse tudo! Não é possível que o "inteligentíssimo" Dr. Francisco de Lima concorde com esse texto que ele entrega no primeiro dia de aula... Acho que ele faz isso só pra instigar os alunos... Mas enfim! Ficou muito bom o seu texto!

Beijos, sua peba!!
PV